domingo, 20 de marzo de 2016

O CADERNO DE MAYA (Isabel Allende)


"Em geral, minha avó desconfia dos profissionais que ganham por hora, já que resultados rápidos não lhes convêm. Mas abre uma exceção para os psiquiatras, porque um deles a salvou da depressão e das armadilhas da magia, quando deu para se comunicar com os mortos."

"-Segundo minha Nini, Chiloé é magico -- comentei.
-O mundo todo é magico, Maya -- respondeu."

"Ela acha que as viagens de avião na são convenientes porque a alma viaja mais devagar que o corpo, se atrasa e, às vezes ,se perde pelo caminho;"

"Tinha me dado conta de que na escrita a felicidade não serve para nada -- se sofrimento não há história -- e saboreava em segredo o apelido de órfã, porque os únicos órfãos no meu radar eram os dos cotos clássicos ,todos muito infelizes."

"-Vamos Popo, jure que nunca vai morrer -- eu exigia, pelo menos, uma vez por semana.
A resposta dele era invariável:
-Juro que sempre estarei com você."

"Segundo  meu Popo, o sistema educativo oficial atrapalha o desenvolvimento do intelecto; é preciso respeitar os professores, mas não lhes dar importância demais. Dizia que Da Vinci, Galileu, Einstein e Darwin, para mencionar apenas quatro gênios da cultura ocidental, já que há muitos outros como os filósofos e matemáticos árabes Avicena e al-Khwarizmi -- questionaram o conhecimento de sua época. Se tivessem aceitado as baboseiras que os adultos lhes ensinavam, não teriam inventado nem descoberto nada."

"Explicava-me que o Sol é uma estrela pequena entre cem milhões de estrelas na Via Láctea e que certamente havia milhões de outros universos alem do que podemos perceber agora.
-Nesse caso, Popo, somos menos do que um suspiro de piolho -- era a minha conclusão lógica.
-Não acha fantástico, Maya, que nós, estes suspiros de piolhos, possamos ter uma noção do prodígio do universo? Um astrônomo precisa mais de imaginação poética que de bom-senso, porque a magnífica complexidade do universo não pode ser medida nem explicada, mas apenas intuída."

"Tratava minha Nini, que não é nada dócil, com o mesmo método de treinar cães farejadores de bombas: afeto e firmeza, castigo e recompensa. Com afeto a fez saber que gostava dela e estava à sua disposição, com firmeza a impediu de entrar pela janela de sua casa para inspecionar a limpeza ou dar doces escondidos para a neta."

"Prometa uma coisa, Maya: que sempre vai amar a si mesma como eu amo você --  me repetia."

"O que a gente ganha lutando com a morte, Nidia, se, mais cedo ou mais tarde, ela sempre ganha?"

"Abraçada à urna com as cinzas do marido, disse-me que o coracao quebra como um copo, às vezes trincando de modo silencioso e outras explodindo em caos."

"Segundo a minha Nini, o que uma mulher tem de mais sexy são os quadris, porque indicam sua capacidade reprodutiva e um homem são os braços, porque indicam sua capacidade para o trabalho."

"... seu pai sofreu uma taquicardia alarmante, provocada pelo Concurso de Bumbum nas praias. Blanca diz que o Millalobo só está vivo por achar o cementério muito chato."

"Para evitar problemas, era muito importante parecer normal, embora a definição de normalidade fosse incerta. Se comia muito, padecia de ansiedade, se comia pouco, era anoréxica; se preferia a solidão, era depressiva, mas qualquer amizade levantava suspeita; se não participava de uma atividade estava sabotando; se participava muito, queria chamar a atenção. "Pau porque rema, pau porque não rema", esse é outro ditado da minha Nini."

"Não é indispensável me bater no peito, de joelhos, nem pagar meus erros com lágrimas e sangue. Segundo dizia meu Popo, a vida é uma tapeçaria que a gente tece dia após dia com fios de muitas cores, uns grossos e escuros, outros finos e luminosos."

"O aneurisma equivale a uma sentença de morte. Isso o tornou desprendido, mas nao indiferente. Manuel aproveita bem o seu tempo, gringuinha. Vive no presente, hora a hora, e está muito mais reconciliado com a ideia de morte do que eu, que também ando com uma bomba-relógio dentro de mim."

"Havia me proibido de ter relações com outros homens por questão de segurança. Dizia que a língua se solta na cama."

"As drogas eram apenas uma diversão para os turistas que iam a Las Vegas por um fim de semana para escapar do tédio e tentar a sorte nos cassinos, mas eram o único consolo para prostitutas, vagabundos, mendigos, ladrões, membros de gangues e outros infelizes que circulavam no edifício de Leeman, dispostos a vender o último resquício de humanidade por uma dose."

"Sou muito prática, Maya. Se se trata de curar uma verruga, vou ao dermatologista, mas, por via das dúvidas, amarro um cabelo no mindinho e urino atrás de um carvalho."

"Gosto da chuva, inspira recolhimento e amizade, mas em pleno sol se aprecia melhor a beleza destas ilhas e canais."

"Antes de morrer de amor, Maya, seria melhor investigar se esse jovem também sofre do mesmo mal ou se pensa em continuar sua viagem e deixar você a ver navios."

"Agora entendo por que os amantes nas óperas e na literatura, diante da eventualidade de uma separação, se suicidam ou morrem de tristeza. Há grandeza na dignidade na tragédia, por isso e fonte de inspiração, mas não quero tragédia, por imortal que seja; quero uma felicidade sem agitação, íntima e muito discreta, para não provocar os ciúmes dos deuses, sempre tão vingativos."

"Meu Popo dizia que o amor nos torna bons. Não importa quem amemos, também não importa se somos correspondidos ou se a relação é duradoura. Basta a experiência de amar, isso nos transforma."

"Sobre beijos deve haver manais ,beijos de pica-pau, de peixe, uma variedade infinita. A língua é uma cobra atrevida e indiscreta, e não me refiro às coisas que diz. O coracao e o pênis são os meus favoritos: indômitos, transparentes em suas intenções, cândidos e vulneráveis, não se deve abusar deles."

"Alguns deixavam umas moedas, as ninguém flava comigo; a pobreza de hoje é como a lepra de antigamente: repugna e dá medo."

"Isso não tem perdão. Sem decência, a gente se desarma, perde a humanidade, a alma."

"... a metade dos problemas do mundo se solucionaria se cada um de nós tivesse um Popo incondicional, em vez de um superego exigente, porque as melhores virtudes florescem com o carinho."

"... me preveniu contra a imprudência de me apaixonar por um desconhecido que vive tão longe. Que outro conselho poderia me dar? Ele é assim: não corre riscos sentimentais, prefere a solidão da sua toca, onde se sente seguro."

"...viemos ao mundo com certas cartas na mão e fazemos a nossa aposta; com cartas similares uma pessoa pode afundar e outra se superar."

"Eu tinha me proposto a não olhar o relógio de navio na parede, que engolia depressa o tempo que me restava com ele."

"As vezes, a mente bloqueia os traumas graves demais como defesa contra a loucura ou a depressão."

"Por causa dela, conheci o Chile antes de pisar nele; falava-me de suas abruptas montanhas nevadas, de vulcões adormecidos que às vezes despertam com uma sacudida apocalíptica, da longa costa do Pacífico com suas ondas encrespadas e eu colarinho de espuma, do deserto do norte, seco como a lua, que, às vezes, floresce como uma pintura de Monet, das matas frias, dos lagos límpidos, dos rios fecundos e das geleiras azuis."

"... a chuva do inverno, que no começo me parecia poética, acabou se tornando insuportável."

"É melhor pedir perdão do que pedir permissão. Me perdoa?."

"...lá conseguiu trabalho em sua área e pôde escrever dois livros, enquanto se aturdia com álcool e aventuras fugazes que só acentuaram sua solidão abissal."

"...tomei um banho demorado que acabou com a água da caixa, lavei minha tristeza com sabonete e depois me sentei ao sol no terraço para devorar as torradas com geleia de tomate que Manuel preparou -- elas tiveram a virtude de me devolver a sensatez."

"Claro que pode viver sem ele. Esse jovem foi a chave que abriu o seu coração. O vício do amor não vai arruinar a sua saúde nem a sua vida, como o crack ou a vodca, mas você deve aprender a distinguir entre o objeto amoroso, neste caso Daniel, e a excitação de ter o coração aberto."

"A gente esquece os amantes num piscar de olhos."

miércoles, 24 de febrero de 2016

EL PINTOR DE BATALLAS (Arturo Pérez-Reverte)


"Faulques conocia la manera, controlaba la técinca, pero carecía del rasgo esencial que separa la afición del talento."

"... se acabó aquello de que sólo con esfuerzo puede obligarse a una cámara a mentir."

"La pintura, como la fotografía, el amor o la conversación, eran semejantes a esas habitaciones de hoteles bombardeados, con los cristales rotos y despojadas de todo, que sólo pódian amueblarse con lo que uno sacaba de su mochila."

"... la impertinencia no se desanima ante una simple negativa cortés."

"... la palabra arte siempre suena a mixtificación y a paños calientes. Mejor seamos amorales que inmorales. ¿No te parece? Y ahora, por favor, bésame."

"Su fotografías eran como el ajedrez: donde otros veían lucha, dolor, belleza o armonía, Faulques sólo contemplaba enigmas combinatorios."

"-Voy a contarle una historia -dijo sin volverse. 
-¿La suya?
-Qué más da. Una historia."

"Los hombres, señor Faulques, somos animales carniceros. Nuestra inventiva para crear horror no tiene límites. Usted tiene que saberlo. Toda una vida fotografiando maldades enseña algo, supongo."

"Asumir las cosas no es aprobar que sean como son -dijo este-. Explicación no es sinónimo de anestesia."

"Creer que no vamos a morir nos hace débiles, y peores."

"Los hombres antiguos miraban el mismo paisaje durante toda su vida, o mucho tiempo. Hasta el viajero lo hacía, pues todo camino era largo. Eso obligaba a pensar sobre el camino mismo. Ahora, sin embargo, todo es rápido. Autopistas, trenes... Hasta la televisión nos muestra varios paisajes en pocos segundos. No hay tiempo para reflexionar sobre nada."

"Somos producto, pensaría más tare, de las reglas ocultas que determinan casualidaes: desde la simetría del Universo hasta el momento en que uno cruza la sala de un museo."

"Era Olvido la que confería importancia a las cosas y a las personas con las que se relacionaba, tal vez porque poseía la seguridad perfecta que sólo ciertas mujeres tienen cuando el mundo es su excitante campo de batalla, y los hombres un complemento útil pero prescindible."

"De tanto abusar de ella, de tanto manipularla, hace tiempo que una imagen dejó de valer más que mil palabras. Pero no es culpa tuya. No es tu manera de ver lo que se ha devaluado, sino la herramienta que usas. Demasiadas fotos, ¿no crees? El mundo está saturado de malditas fotos."

"(armas)... nunca imaginé que estas cosas pudieran ser objetos bellos. Tan pulidas. Tan metálica y tan perfectas. El tacto descubre en ellas virtudes que no estaban a la vista. Escucha. Encajan con maravillosos chasquidos. Son hermosas y siniestras al mismo tiempo."

"-... El hombre tortura y mata porque es lo suyo. Le gusta.
-¿Lobo para el hombre, como dicen los filósofos?
-No insulte a los lobos. Son asesinos honrados: matan para vivir."

"-... Quiere decir que el malvado no puede evitar serlo. 
-Digo que somos malvados y no podemos evitarlo. Que son las reglas de este juego. Que nuestra inteligencia superior hace más excelente y tentadora nuestra maldad... El hombre nació predador, como la mayor parte de los animales. Es su impulso irresistible. Volviendo a la ciencia, su propiedad estable. Pero a diferencia del resto de animales, nuestra inteligencia compleja nos empuja a depredar bienes, lujos, mujeres, hombres, placeres, honores... Ese impulso nos llena de envidia, frustración y de rencor. Nos hace ser, todavía más, lo que somos."

"-No sé qué le encuentran de belleza al alba -dijo de pronto Markovic-. O a la puesta del sol. Para quien ha vivido una guerra, el alba es señal de cielo turbio, de indecisión, de miedo a lo que va a pasar... Y el atardecer es amenaza de las sombras que llegan, oscuridad, corazón aterrorizado. La espera interminable, muerto de frío en un agujero, con la culata del fusil pegada a la cara..."

"... Solo las reglas artificiales, la cultura, el barniz de las sucesivas civilizaciones matiene al hombre a raya de sí mismo. Convenciones sociales, leyes. Miedo al castigo".

"... cuando el desastre devuelve al hombre al caos del que procede, todo ese civilizado barniz salta en pedazos, y otra vez es lo que era, o lo que siempre ha sido: un riguroso hijo de puta."

"-A diferencia de usted, no soy hombre culto. En los últimos años he leído libros aquí y allá. Pero estoy lejos de serlo."

"Es -Gödel aparte-  como los procedimientos matemáticos: poseen tal seguridad, claridad e inevitabilidad, que proporcionan alivio intelectual a quienes los conocen y manejan."

"... Una vez oí decir, o leí, que el excesivo análisis de los hechos termina por destruir el concepto... ¿O es al revés? ¿Los conceptos destruyen los hechos?"

"... lo primero que hice fue sentarme en un café de la plaza Jelacic. A mirar a la gente, a escuchar sus palabras. Y no daba crédito a lo que oía: la conversación, las preocupaciones, las prioridades... Oyéndolos, me preguntaba: ¿Es que no se dan cuenta? ¿Que importa el abollado del coche, la carrera en la media, la letra del televisor?... ¿Comprende a qué me refiero?."

"Te amo, dijo serena, porque tus ojos no te engañan. Nunca lo permites. Y eso le da un silencioso peso a tu equipaje."

"Tengo el gusto de comunicarte que eres muy guapo, Faulques. Y me encuentro en ese punto exacto en el que una francesa te tutearía, una suiza intentaría averiguar cuántas tarjetas de crédito llevas en la cartera, y una norteamericana te preguntaría si tienes un condón."

"Todos los hombres sois considerablemente estúpidos, decía interpretando lo que él nunca dijo. Hasta los más listos lo sois. Y no soporto eso. Detesto que se acuesten conimgo pensando en quién se acostó antes, o quién se acostará después."

"Pronto no te necesitaré, Faulques; pero estaré siempre agradecida a tus guerras. Liberan mis ojos de todo eso. Es una licencia ideal para ir a donde quiero ir: acción, adrenalina, arte efímero. Me libra de responsabilidades y me hace turista de élite. Puedo mirar, al fin. Con mis ojos. Contemplar el mundo mediante los dos únicos sistemas posibles: la lógica y la guerra. En eso tampoco hay tanta diferencia entre tu y yo. Ninguno de los dos hacemos fotoperiodismo ético. ¿Quién lo hace?"

"... algunas palabras cometían suicidio semántico, negándose a sí mismas. Olvido era una de esas."

"... El mundo nunca supo tanto de sí mismo y de su naturaleza como ahora, pero no le sirve de nada. Siempre hubo maremotos, fíjese. Lo que pasa es que antes no pretendíamos tener hoteles de lujo en primera línea de playa... El hombre crea eufemismos y cortinas de humo para negar leyes naturales. También para negar la infame condición que le es propia. Y cada despertar le cuesta doscientos muertos de un avión que se cae, los doscientos mil de un tsunami o el millón de una guerra civil."

"... él había tenido la absurda esperanza de que el tiempo la hiciera más suya: unos ojos soñolientos vistos cada mañana, un cuerpo marchitándose cerca, entre sus manos, día a dia."

"Un fotógrafo hábil, había dicho alguien, podía fotografíar bien cualquier cosa. Pero Faulques sabía que quien dijo eso nunca estuvo en una guerra. No era posible fotografiar el peligro, o la culpa. El sonido de una bala al reventar un cráneo. La risa de un hombre que acaba de ganar siete cigarrillos apostando sobre si el feto de la mujer a la que ha desventrado con su bayoneta es varón o hembra."

"La violencia, cualquier violencia, convierte en cosa, en un trozo de carne animal, a quien está sometido a ella."
 
"En cierto modo, una tragedia tranquiliza más que una farsa, ¿no le parece?... También hay analgésicos temporales. Con suerte, dan para ir tirando. Y bien administrados, sirven hasta el final.
-¿Por ejemplo?
-La lucidez, el orgullo, la cultura... La risa... No sé. Cosas así."

viernes, 8 de enero de 2016

UM DIA TOPAREI COMIGO (Paula Fabrio)

"Diz o lugar-comum que ler é viajar. No entanto, pouco o quase nada se diz do contrário: viajar é ler."

"... Seria um desperdício irrecuperável da vida cair no sono. Deveriamos sair, conhecer outros lugares."

"Porque viver é sublime, quando não estamos pensando tanto."

"Velhinhos morrem para que pessoas de meia-idade possam ocupar seus lugares. -Um drinque andaluz nos esperava, cor-de-rosa, inocente. Com ele, a vertigem. Quais seriam as chances de namorar a três?."

"Aquela sería a última viagem. Dona Helena estava convencida. Os últimos setecentos quilômetros a dois, na estrada, ouvindo estações perdidas no radinho do polara."

"...descobriu que felicidade se inventa."

"A banheira rosa do hotel em Barcelona era limitada em aventuras , e pela primeira vez conjecturei a tese de sempre ter viajado sem querer me mover, sem sair do lugar, com os pés fincados no conforto das minhas certezas;..."

"Àquela época, dona Helena já tinha um fogo de vida e arriscava imaginar que namoraria inúmeros rapazes, com gostos variados, médicos, desenhistas, circense, esportistas. Mas o consentimento dos pais assomou-lhe ao espírito como um cortar de asas. Porém, logo lhe nasceram outras: quando seu Odair passou a frequentar a casa, descobriu que felicidade se inventa."

"Mas o carnaval ficaria para trás.  carnaval não gosta de livros. E a literatura não gosta dele ou lhe tem inveja. Por conta desse desgosto, os livros escarnecem de nossa alegria: a porta-estandarte morre, o poeta se desencanta e mães adoecem para desfazer fantasias infantis. De repente, já não é mais carnaval."

"Não havia o que fazer nas próximas horas, dias, e também não importavam os ponteiros do relógio. Eles marcam a duração da alegria e só. Até mesmo o túnel do tempo não seria vantagem, caso não saibamos tim-tim por tim-tim o que fazer da vida."

"...corpinho de passeio, não aguenta o pesado."

"Aborrecem-me pessoas como seu Ramires mudam de país mas não se mexem para conhecer qualquer pedaço de terra que esteja a um raio de dois quilómetros. Para esses indivíduos, o mundo não existe."

"Olhos como os meus ,que nunca viram a guerra. E as mãos, é possível prever, elas permanecerão distantes da esteira da fabrica. Por vezes, a simples capa de chuva de um menino pode dizer muito sobre ele."

"O tempo é tão longo quando temos de explicá-lo. Inverossímil e ligeiro, enquanto respiramos."

"Há pouco eu disse que as lembranças se transformam ,com o passar do tempo, em suposições e mentiras."

jueves, 24 de abril de 2014

OPIO EN LAS NUBES (Rafael Chaparro Madiedo)

"Déjame ver si en tus ojos se nota que tienes los sueños vueltos como los míos ven, estréllate contra mi carne destrózame córtame en pequeños pedacitos y llévatelos y bótalos cerca de aquellos árboles donde nos veíamos cuando terminábamos los días ven y toca mis nalgas tócalas pálpalas recórrelas termina de romper mis calzones blancos y llenos de rotos tristes llenos de agujeros de nicotina y licor amor descalabro café negro ven quiero que sepas que siempre estaré esperándote cerca de una espejo para que toques mi cuerpo por detrás por encima por los lados por la tangente con tus manos con tus dedos y que siempre mi pequeño escribiré tu nombre en el espejo mientras me tocas mientras te desgarras en mi sangre…"

"Te amo perro… quiero que por favor rompas el vaso donde tomaba vodka y quemes las fotos de los paseos a la playa, quiero que arranques mi olor de tus silencios, de tus soledades, y de tus domingos rotos. Te amo perro…"

"Se habla como se vive y se sigue halando como se muere."

"Los hombres y mujeres y gatos y árboles que aquí habla, despedazan sus párrafos para hablar no como se debe sino como se quiere, y no siempre el que quiere puede, Chaparro puede quebrar tan bien algunas tradiciones narrativas por que tiene disciplina, talento y maestría técnica, eso se nota, detrás de esto hay un proceso de reflexión y de preparación."

"Un autor no nace con su primera obra como tampoco muere cuando deja de escribir."

"No escribe mejor un cojo que un atleta, no es mejor escritor un asesino, un santo o un pederasta que un detective un pecador o un padre ejemplar.  O… puede que lo sea, no por sus características de vida como por su lucidez y su capacidad para hablar del mundo vivido e imaginado."

"Voy a hablar en presente porque para nosotros los gatos no existe el pasado. O bueno, sí existe, lo que pasa es que lo ignoramos. En cuanto al futuro nos parece que es pura y física mierda. Solo existe el presente y punto. El presente es ya, es un techo, una calle, una lata de cerveza vacía, es la lluvia que cae en la noche, es un avión que pasa y hace vibrar las flores que Amarilla ha puesto en el florero, el presente es el cielo azul, es una gata a la que le digo eres cosa seria y ella me responde sí, soy cosa seria, mierda, el presente es un poco de whisky con flores, es esa canción con café negro, es ese ritmo con olor a tomates…"

"La gente me miraba con esos ojos que decían pobre chico, tan joven, tan sano, tan blanco, y yo desde la camilla les dije tranquila gente, no soy tan sano, ni tan limpio, ni tan creyente, no me lavo los dientes todas las mañana como ustedes, no me cambio las medias todos los días como ustedes, no leo tantos libros, no hago deporte ni rindo tanto en el trabajo como ustedes, tranquila gente."

"Siempre lo acariciaba y le echaba un poco de humo azul cerca de la nariz y le decía ánimo Joe, porque siempre estaba como triste, como bajado de nota, como si se hubiera dado cuenta de que los días eran tristes y opacos y grises y entonces le volvía a decir ánimo Joe, pero Joe me miraba con sus ojitos negros, roticos, tristes, y nada parecía animarlo."

"Las mañanas eran un lapso de tiempo transparente, una delgada franja invisible donde se tejían los sueños, las palabras, los parques y el whisky. Estaba convencido de que en las mañanas se fabricaban las mujeres. Los árboles de la mañana. El resto del día era idiota. No valía la pena vivirlo. Lo mejor siempre sucedía en ese tejido de pequeñas nubes, en ese tejido absurdo que contenía la lluvia, la nada, el mareo, la locura, la mierda, las aves y la luz."

"-Hey Porfiria, tengo un home run de Pete Rose entre mis manos y eso me hace feliz. Eso es la felicidad. Y por eso te voy a invitar el sábado que viene a la playa  tomaremos cerveza fría mientras el sol revienta en nuestros cuerpos y en tu pelo que huele a fresa."

"-¿A qué huelen tus sábados? Los míos huelen a brandy y rosas podridas—me dijo Amarilla mientras encendía un cigarrillo. No supe qué inventarle. Para salir del apuro le respondí que no me gustaban las rosas y que mis sábados olían a lata vacía de cerveza. En todo caso no fue una respuesta genial, pero Amarilla se sonrió y yo me dejé llevar por el olor de su tabaco, por el perfume de su cuello, por ese desasosiego que emanaba de sus palabras."

"Me dio un beso en la mejilla. Me sentí como cuando uno tenía la primera novia y le tocaba despedirse entre los arbustos al frente de la casa antes de que el papá saliera con el periódico en la mano como si fuera a espantar con las páginas de los clasificados los besos."

"Aquella noche el sudor de Amarilla se me pegó a los sueños. Era claro que Amarilla era un sudo luego existe después de una copa de brandy, sudo luego hago el café, sudo luego copulo, sudo luego cago, sudo luego me angustio, sudo luego me arañas. Amarilla era en esencia sudo luego dudo."

"Ocho de la noche. 8 p.m. Noche. La noche está fría. Clara. Huele a labial, a mujer rodeada de oscuridad. La noche."

"Ahora Altagracia pone dos platos blanquitos y limpiecitos con unas frutas. Después va a la cocina y regresa con una botella de vino. Mierda, qué romanticismo. Tan idiota. Sólo faltan velitas para que se digan idioteces bajo la luz tenue, cosas como oye nene ven para acá me hablas cera del corazón."

"Le digo a Lerner que ese hombre tal vez murió pensando algo así como muñeca qué diamantes tan asesinos tienes en la mitad de tu cuerpo y entonces Lerner me responde puta mierda Pink, qué sabio eres y yo le digo que es a causa de los tomates, el whisky, la soledad, la desolación y todos esos techos jodidos por la lluvia trip trip trip."

 "Monroe alquilaba un pequeño camión y en el platón acomodaban las pelotas. Max se montaba en el platón con las pelotas y dejaba que el viento seco lo despeinara, que le despeinara los sueños, las manos llenas de soledad, los dientes llenos de palabras secas.

Max se enamoró de los senos de aquella chica, de su mirada, de su olor a rueda de Chicago, de su perfume a whisky barato y camisa de flores y entonces le dijo que la acompañara al parque. 

Llevaban cerveza y cuando se aburrían se tendían sobre la hierba, les disparaban a las nueves y hablaban del futuro que tenía el color azul del cielo y pensaban que cielo azul era estar en la playa con una botella y una mujer de camisa blanca, cielo azul era estar con una mujer que se llamara Miel, Melaza, Panela, Azúcar, cielo azul era escuchar música todo el día, cielo azul era ir a más de cien por hora, cielo azul era ir por la calle, meterse a un bar, hablarle a una desconocida, preguntarle el número telefónico, chuparle las tetas y luego llevarla a cine, cielo azul era caminar por los parques sin pensar en nada, cielo azul era tener cara de berenjena y no importarle, cielo azul era tener una botella de whisky siempre al lado, cielo azul era caminar descalzo sobre la arena de la playa, cielo azul era montarse a un bus y no ir para ningún lado, cielo azul era alimentar a las palomas, cielo azul era acariciar el pelo de una mujer en la oscuridad, cielo azul era comer naranjas en la ventana, cielo azul era fumar y tomar café negro con dos cubos de azúcar, cielo azul era, en fin, cagar en paz. 

Todas las mañanas estaban clasificadas según el estado de ánimo de las palomas. Por ejemplo, si las palomas llegaban solamente hasta los techos y se quedaban e línea, la mañana tenía la lógica envolvente de la heroína, esa lógica venenosa, irreal, de estar en línea bajo el cielo azul, esa lógica de que el mundo es una plasta de mierda amarilla llena de velitas que son las chimeneas de las fábricas y un hapiverdituyú. Si las palomas venían y se posaban en las ramas de los árboles, las mañanas sabían un poco a pan, un poco a hojas secas, a mantequilla con tambores, a café negro, a dolor de estómago, a me quiero matar con una inyección en la cabeza antes del mediodía, pero antes me como unas berenjenas con queso. Cuando las palomas se confundían con la gente en los parques, la mañana sabía a Browning, a Smith & Wesson. Por eso Max le disparaba desde su ventana para espantar el olor de la mañana, ese olor a pólvora con trigo. 

La pretty baby, Mary Moon, la playmate, ese animal en technicolor estaba detrás de la puerta con esos senos, con ese cuello, con esos ojos grandes, inmóvil, inmortal, manchada, restregada con sudores con miedos. Pretty baby que estás en los cielos no nos desampares con tus senos, con tus muslos dorados, con tus enormes nalgas redondas que tapan el sol, la luna y las estrellas, no nos desampares ni de noche ni de día. Hasta la próxima oración, pretty baby. Mamita

En realidad no tenía cara de asesino, sino más bien de profesor de historia, que en el fondo viene siendo lo mismo.

… y ahí fue donde por primera vez Leonid se enamoró perdidamente y una tarde le escribimos a Inga al centro de sus nalgas rosadas a la punta de los tríangulos agudos de sus senos y por primera vez entendimos la perfección lo bello que era la geometría nosotros que tanto la odiábamos…

Amarilla mira que esto es importante Amarilla que los olores son ese tejido invisible que conecta todos los recuerdos y los días mira Amarilla que cuando tú no estés más junto a mí yo te recordaré más por tu sudor que por tus palabras…

… observa ese cielo Amarilla obsérvalo con esos ojos grandes huele ese cielo el olor de las calles siempre es el olor de la desolación todo parece quieto pero en el fondo todo está muerto todo parece feliz pero todo es infeliz uno cree que porque los chicos montan en bicicleta la felicidad anda por aquí y por allá pero nada de eso Amarilla nada de eso en el fondo todo es un engaño el olor de las calles nos mata lentamente nos atraviesa los huesos con precisión y nos dice que el tiempo está pasando por entre nuestros dedos y nuestros ojos y no hay nada que podamos hacer Amarilla…

… observemos los rostros y luego cada cual se sumerge en su pequeña isla en su pequeño olor particular y se concentra en sus sudores en sus miedos en esos aromas que vienen de lo más profundo de los pantalones de los zapatos de los ojos es una especie de pecueca del alma Amarilla así como lo oyes una especie de pecueca del alma como si tuviéramos un millón de zapatos en la mitad del corazón un millón de zapatos que han andado todos los leves caminos de los días sin hallar nunca nada y luego en las noches los dejamos arrumados cerca de las palabras de los recuerdos los dejamos con los cordones sueltos porque al otro día ese millón de zapatos negros vuelven a salir por todas las carreteras de tu rostro o del mío a hacerle auto-stop a la felicidad pero nada Amarilla…

Después te fuiste de mesa en mesa y te pusiste a repartir besos y claveles rojos a todos esos hombres que tenían mirada de pepino cansado y que te decían con sus miradas y desde el fondo de sus vestidos chillones que tú Harlem eras la mujer, que Harlem era esa noche llena de canciones confusas y rotas, Harlem era tener esos labios rojos que decían palabras de amor…

… Harlem era tener una erección sin remordimiento en la mitad de aquel bar que olía a opio, a cerveza y a soledad concentrada, Harlem eras tú caminando entre las mesas regando un poco de tu nombre un poco de tu olor aquí y allá, Harlem eran tus manos llenas de avsos, llenas de monedas, llenas de sueñitos, de palabritas roticas, Harlem era saber que más de media noche y que afuera llovía y hacía calor…

Tenías la misma lógica de la heroína, me produjiste el mismo efecto porque te vi y me dieron ganas de inyectar tu  nombre en mis venas me dieron ganas de ir al baño y orinar orines con el sabor de tus nombre, ganas de ir al baño del Opium y mirarme frente al espejo y decir mierda you make me feel like a wild ring. You make my heart sing wild thing, me dieron ganas de escribir tu nombre con sangre en el fondo de mi vaso de cerveza, ganas de que me cortaras las venas con tus labios rojos mientras te tocaba las tetas. Ganas de desangrarme entre tus piernas mientras me hablabas de ir a la playa. 

-Oye Max, si alguna vez viene Harlem por acá dile que siempre hay un urapán y un sueño con ella. 

Aquí dentro huele a desempleo. A grasa. A no futuro. A me vuelvo merda ahora trip trip trip. Somalemente se toma cerveza. La bebida de los obreros. Así es la vaina y Lerner me responde claro PInk, así es la vaina. Aquí viene gente que nunca se lava los dientes, gente que sólo come arroz y cerveza y que fuma cigarrillos negros sin filtros. 

Las palabras de Marciana sabían a labial rojo, a cerveza, a música a todo volumen. 

…háblame cerca del oído, quiero que tus palabras se metan por toda mi sangre ,háblame de lo que más te gusta, de tú jabón preferido, de tus blusas vaporosas, de tus pantalones que huelen a días molidos, ven para acá, te tengo, ábrete un botón y luego otro, y otro, y háblame de tu amor, descalabro, angustia, café negro, ven para acá, te tengo, no cierres tu ventana, pocillo, vaso.

Todos extrañaban las locuras de Régine, sus chistes, su risa dislocada, su sostén blanco como la nieve, su música, sus dedos, sus uñas. También las palabra que Marciana dejaba en los espejos mientras le acariciaban ding-dong el trasero  esas manos solitarias que buscaban calmar allí entre los cristales del baño los reflejos dementes de los gritos de Marciana, que nunca preguntaba el nombre, la ocupación, la canción preferida, la marca del perfume. Solamente exigía que fumaran cigarrillos rubios para que el humo azul se mezclara con su amor, descalabro, angustia, café negro, ven para acá mi amor, te tengo, no cierres la ventana, pocillo, vaso.

Tal vez Marta era la única que entendía que los días estaban salpicados de pequeñas pulgas negra, insignificantes.

Era domingo y estabas un poco como todos los domingos. Un poco triste, rota alucinada. Un poco vuelta mierda, con el trasero frío, con las manos oliendo a hojitas secas. 

Agregó que por plata fresco porque ella se conformaba con sus cucos rotos que sacaría a secar cerca de las ventanas para que el ruido lejano de los autos que pasaban por la autopista los terminara de volver más tristes, más rotos, más descompuestos. 

-- Tal vez el que construyó este barrio pensó que las esquinas eran parte de la circunferencia de la vida donde el amor es un punto central equidistante de la curva infinita del dolor—dijo Amarilla mientras limpiaba con la manga de su camisa el vidrio para ver mejor las calles de aquel barrio.

Después del concierto de rock salimos a caminar. Creo que amanecía. Creo que, como siempre, estábamos rotos, vueltos mierda, alucinados, descompensados, por la noche, por el ruido, por la electricidad, por el silencio que se instauraba entre nosotros.

Desamarré el pequeño bote. Amarilla me mandó un beso y yo empujé el bote hacia el mar. Desde el bote Amarilla me hizo una señal, te vi perro, yo también te vi perra, y entonces le tiré una botella y un paquete de cigarrillos y le grité oye nena sin ti no puedo obtener satisfacción y ella sólo movió los labios y me dijo te amo perro y yo le dije claro yo también te amo perra. 

…estamos en el centro de un cristal roto que cada día se abre más y más nuestros reflejos en el espejo de los días no son más que un rompecabezas mal armado de nuestros sueños de nuestras palabras…

Le dije a la señorita de la tienda que la invitaba a un café y me dijo que qué me estaba creyendo. En todo caso tuve una erección con aquella mujer de ojos grandes que me empacaba los labiales rojos para Marciana y me dieron ganas de untarla de labial, de decirle mande todo para la mierda y nos vamos a la playa, a un cine, nos emborrachamos, hacemos el amor, te juro que no te pregunto el nombre y luego nos despedimos, y de ponto te regalo una de mis camisas de flores tropicales como recuerdo.

Paula - Isabel Allende



 Este hombre de mente rápida y lengua despiadada, resultaba demasiado inteligente y desprejuiciado para esa sociedad provinciana, un ave rara en el Santiago de entonces.

Cuando despiertes tendremos meses, tal vez años para pegar los trozos rotos de tu pasado o mejor aún podemos inventar tus recuerdos a medida según tus fantasías

Pero no me pidas exactitudes porque se me deslizarán errores, mucho se me olvida o se me tuerce, no retengo lugares fechas ni nombres, en cambio jamás se me escapa una buena historia.

Mi vida se hace al contarla y mi memoria se fija con la escritura; lo que no pongo en palabras sobre papel, lo borra el tiempo.

-Me duele como a ti, pero tengo menos miedo de la muerte y más esperanza en la vida—dijo abrazándome. Hundí la cara en su chaleco, aspirando su olor a hombre joven, sacudida por un atávico espanto.

La niña y la joven que fui, la mujer que soy, la anciana que seré, todas las etapas son agua del mismo impetuoso manantial.

Los años de amores postergados le sirvieron para cambiar su personalidad, se desprendió del sentido de culpa inculcado por un padre déspota y se alejó de la religión, que lo oprimía como una camisa de fuerza.

La vida de mi madre es una novela que me ha prohibido escribir; no puedo revelar sus secretos y misterios hasta cincuenta años después de su muerte, pero para entonces estaré convertida en alimento de peces, si mis descendientes cumplen las instrucciones de arrojar mis cenizas al mar.


Vivía cada cuento como si fuera mi propia vida, yo era cada uno de los personajes, sobre todo los villanos, mucho más atrayentes que los héroes virtuosos.

-¿Te parece correcto? Dios apuesta con Satanás, castiga al pobre hombre sin piedad y además pretende que lo adore. Es un dios cruel, injusto y frívolo. Un patrón que se comporta así con sus siervos no merece lealtad ni respeto, mucho menos adoración.

Lo más importante para ganar una discusión es no vacilar, aunque tengas dudas y mucho menos si estás equivocada.

Al dejarme en la fiesta me dio un consejo inolvidable, que he aplicado en los momentos cruciales de mi vida: piensa que los demás tienen más miedo que tú

Se bailaba con las mejillas pegadas—“cheek-to-cheek” creo que se llamaba—pero ésa era una proeza imposible para mí, porque mi cara por lo general alcanza al esternón de cualquier hombre normal…

El contraste entre puritanismo del colegio, que exaltaba el trabajo y no admitía las necesidades básicas del cuerpo ni los relámgpagos de la imaginación, y el ocio creativo y la sensualidad arrolladora de esos libros, me marcó definitivamente.  Durante décadas oscilé entre esas dos tendencias, desgarrada por dentro y perdida en un mar de confusos deseos y pecados…

La condición femenina es una desgracia, hija, es como tener piedras atadas a los tobillos, no se puede volar.

…,he aceptado las costumbres españolas de fumar, tomar café y licor a destajo, acostarse al amanecer, ingerir cantidades mortales de grasa, no hacer ejercicio y burlarse del colesterol. Sin embargo aquí la gente vive tanto como los californianos, sólo que mucho más contentos.

…después de nuestra muerte todo sigue igual, como si jamás hubiéramos existido, pero en la medida de nuestra precaria humanidad tú, Paula, eres para mí más importante que mi propia vida y que la suma de casi todas las vidas ajenas. Cada día mueren setenta millones de personas y nacen aún más, sin embargo solo tú naciste, solo tú puedes morir.

Algunos pretendían llevar a sus mujeres e hijas como carga, no las consideraban del todo humanas y no podían comprender la necesidad de comprarles un pasaje.

-Nadie puede estar seguro de quién es su padre, sólo se puede estar seguro de la madre –repliqué con la dignidad en alto

Para ese viejo valiente, mientras más profunda la herida más privado era el dolor

Sabía que estaba haciendo algo prohibido, pero no podía retroceder ni escapar, atrapada en mi propia curiosidad, una fascinación más poderosa que el terror.

El dolor es un camino solitario

Este hombre me trae una ventolera de aire fresco, las adversidades le han templado el carácter, nada lo apabulla, tiene inagotable fortaleza para las luchas cotidianas, es inquieto y apresurado, pero lo invade una calma budista cuando se trata de soportar infortunios, por lo mismo resulta buen compañero en las dificultades.

Consideraba el matrimonio como un pésimo negocio para las mujeres, en cambio lo recomendaba sin reservas a su descendencia masculina.

Estaba cada vez más cojo y achacoso, pero permaneció fiel a su teoría de que las enfermedades son castigos naturales de la humanidad y los dolores se sienten menos si uno los ignora.

-Ella sigue viva—dijo—porque o no la he olvidado ni por un solo momento. Suele venir a verme.

El futuro no existe, dicen los indios del altiplano, sólo contamos con el pasado para extraer experiencia y conocimiento, y el presente, que es apenas un chispazo, puesto que en mismo instante se convierte en ayer.

Las novelas se hacen con dementes y villanos, con gente torturada por sus obsesiones, con víctimas de los engranajes implacables del destino. Desde el punto de vista de la narración, un hombre inteligente y de buenos sentimientos como el tío Ramón no sirve para nada, en cambio como abuelo es perfecto.

Tuve un primer atisbo de la desventaja de mi sexo cuando era una mocosa de cinco años y mi madre me enseñaba a tejer en el corredor de la casa de mi abuelo, mientras mis hermanos jugaban en el álamo del jardín.

No se trataba de envidia freudeana, no hay razón para codiciar ese pequeño y caprichoso apéndice masculino, si tuviera uno no sabría qué hacer con él.

Después de todo, la infidelidad es tan antigua como la institución del matrimonio. Nadie perdonó que la protagonista del reportaje tuviera las mismas motivaciones para el adulterio que un hombre: oportunidad, aburrimiento, despecho, coquetería, desafío, curiosidad.

De los hippies cultivaba el aspecto exterior, en realidad vivía como una hormiga obrera trabajando doce horas diarias para pagar las cuentas.

El feminismo no me alcanzó para repartir las tareas domésticas, en verdad esa idea no me pasó por la cabeza, creía que la liberación consistía en salir al mundo y echarme encima los deberes masculinos, pero no pensé que también se trataba de delegar parte de mi carga.

Ponía mi mano donde él la había puesto y enseguida la retiraba asustada, sin entender esa mezcla de repugnancia y de turbio placer.

--declaro que la muerte es natural y más valía acostumbrarse a ella desde temprano.
-Estas obsesionada, sólo hablas de ella, no puedes pensar en nada más, vas rodando por un abismo con tanto impulso que no puedes detenerte. No me dejas ayudarte, no quieres oírme… Debes poner algo de distancia emocional entre ustedes dos o te volverás loca.

Y deje de llorar, porque la tristeza contamina el aire y aturde el alma.

Con un esfuerzo brutal he ido toda mi vida remando río arriba; estoy cansada, quiero dar media vuelta, soltar los remos y dejar que la corriente me lleve suavemente hacia el mar.

Descansaba muy poco por la noche, sólo tres o cuatro horas, solía ver el amanecer leyendo o jugando al ajedrez con sus más fieles amigos, pero podía dormir durante pocos minutos, por lo general en el automóvil, y despertaba fresco.

Se enamoró de las coristas y me daba largas disertaciones sobre la gordura como parte de la hermosura y el horror contra natura que significaban las modelos desnutridas de las revistas de moda.

Usted debe ser la peor periodista de este país hija. Es incapaz de ser objetiva, se pone al centro de todo, y sospecho que miente bastante y cuando no tiene una noticia, la inventa. ¿Por qué no se dedica a escribir novelas mejor? En la literatura esos defectos son virtudes.

El dolor es inevitable en el paso por esta vida, pero dicen que casi siempre es tolerable si no se le opone resistencia y no se agregan miedo y angustia.

En sus veintiocho años en este mundo Paula alcanzó una madurez que otros nunca logran, comprendió cuán efímera es la existencia y se desprendió de casi todo lo material, más preocupada por las inquietudes del alma.

La selección de la especie no ha servido para que florezca la inteligencia o evolucione el espíritu, a la primera oportunidad nos destrozamos uno a otros como ratas prisioneras en una caja demasiado estrecha.

Ardía de deseos e inquietudes insatisfechas, ésa fue una época de varios amoríos para distraer la soledad.

En realidad no sirvo para la clandestinidad, soy muy torpe en las enmarañadas estrategias de la mentira, dejaba huellas por todas partes.

Era uno de esos intelectuales noctámbulos de Buenos Aires, parroquiano de antiguos mesones y cafeterías, amigo de teatreros, músicos y escritores, lector voraz, hombre peleador y de respuestas rápidas, había visto mundo y conocido gente famosa, un contrincante feroz que me sedujo con sus historias y su inteligencia, en cambio dudo que yo lo impresionara demasiado, a sus ojos era una inmigrante chilena de treinta y cinco años, vestida de hippie y con costumbres burguesas.

Hay que preservar la familia, los amantes pasan y se van sin dejar cicatrices.

Tengo un abanico de arrugas finas en torno a los ojos, como tenues cicatrices de risas y llantos del pasado.

Tal vez la vejez es otro comienzo, tal vez se pueda volver al tiempo mágico de la infancia, ese tiempo anterior al pensamiento lineal y a los prejuicios, cuando percibía el universo con los sentidos exaltados de un demente y era libre para creer lo increíble y explorar mundos que después, en la época de la razón, desaparecieron.

Enterré el amor en un arenal de silencio.

El sentimiento de soledad arrastrado desde la infancia se hizo aún más agudo, pero me consolaba la vaga esperanza de estar marcada por un destino especial que se me revelaría algún día.

Es cierto que no me faltaron amores, pero hasta esa noche en la casa de Willie no me había abierto para dar y recibir sin reservas; una parte de mí siempre vigilaba y aún en los encuentros más íntimos y especiales, aquellos que inspiraron las escenas eróticas de mis novelas, mantuve el corazón protegido.

viernes, 7 de marzo de 2014

La senda del perdedor - Charles Bukowski



Cuando regresé a mi cuarto pensé “esta gente no son mis padres, me han debido adoptar y no les gusta como he salido”

Yo había rechazado la religión un par de años antes. Si era verdad, convertía en idiotas a la gente, o bien producía idiotas. Y si no era verdad, entonces eran doblemente idiotas.

Era un tipo feo con cicatrices en la cara, pero parecía atractivo si se le miraba el tiempo suficiente: un atractivo que radicaba en sus ojos, en su estilo, su valentía, su fiereza solitaria.

Leía libros por la noche, de ese modo, bajo las mantas y con la sobrecalentada lamparilla. Leer todos esos buenos párrafos mientras te sofocabas… era hechizante.

No dije nada más porque cuando odias, no mendigas…

-Tiene que aprobar sus exámenes—me dijo. Nunca se le ocurrió que quizás los libros estuvieran equivocados. O que a lo mejor no importaban.

El agua estaba llena de gente. ¿Cuál era la fascinación de la playa? ¿Por qué le gustaba a la gente? ¿No tenían nada mejor que hacer? Eran unos mamones con sesos de gallina.

Sin embargo era magnífico leerlos a todos. Mostraban cómo los pensamientos y las palabras podían ser fascinantes, aunque fueran inútiles.

El problema es que tenías que seguir escogiendo entre lo malo y lo peor hasta que al final no quedaba nada. A la edad de 25 ya la mayoría de la gente estaba acabada. Todo un maldito país repleto de gilipollas conduciendo automóviles, comiendo, pariendo niños, haciéndolo todo de la peor manera posible, como votar por el candidato presidencial que más le recordaba a ellos mismos.

Todo el mundo tenía que doblegarse y encontrar un molde donde encajar. Doctor, abogado, soldado… no importaba lo que fuera. Una vez dentro del molde tenías que seguir adelante.

-Tu madre tiene un tipo magnífico, Jim. ¿Cómo es que muchas mujeres tienen unos cuerpazos fantásticos y otras parecen deformes? ¿Por qué no tienen todas un tipazo?
-Dios, no lo sé. Quizás si todas las mujeres fueran iguales, nos aburrirían.

Podía ver el camino que se abría frente a mí. Yo era pobre e iba a continuar siéndolo. Pero tampoco deseaba especialmente tener dinero. No sabía qué es lo que quería. Sí, lo sabía. Deseaba algún lugar donde esconderme, algún sitio donde no tuviera que hacer nada. El pensamiento de llegar a ser alguien no solo no me atraía sino que me enfermaba. Pensar en ser un abogado, concejal, ingeniero, cualquier cosa por el estilo, me parecía imposible. O casarme, tener hijos, enjaularme en la estructura familiar.  Ir a algún sitio para trabajar todos los días y después volver. Era imposible. Hacer cosas normales como ir a comidas campestres, fiestas de navidad, el 4 de Julio, el Día del trabajo, el día de la Madre… ¿acaso los hombres nacían para soportar esas cosas y luego morir? Prefería ser un lavaplatos, volver a mi pequeña habitación y emborracharme hasta dormirme.

-Cuando el señor Chinaski llega, sabemos que son las 7:30. El señor Chinaski siempre llega a tiempo. El único problema es que es el tiempo incorrecto

--¡La supervivencia de la raza humana depende de una selección responsable!
Lo que significaba: vigila con quién te vas a la cama; pero yo solo sabía eso. Realmente mosqueaba a todo el mundo

Además yo había leído por ahí que si un hombre no creía o entendía verdaderamente la causa a la cual se adhería, de algún modo podía ser más convincente, lo que me daba una considerable ventaja sobre a los profesores.

Todos tenían un agujero en el culo y órganos sexuales y bocas y sobacos. Se sentaban y charloteaban y eran tan estúpidos como la cagada de un caballo. Las chicas tenían buen aspecto vistas a distancia, con el sol filtrándose entre sus ropas y cabellos. Pero cuando se acercaban y mostraban sus cerebros a través de la cháchara de sus bocas, te sentías con ganas de escavar una trinchera en una colina y esconderte con una ametralladora. Verdaderamente nunca sería capaz de ser feliz, casarme y tener hijos. Demonio, ni siquiera podía tener un trabajo como lavaplatos.

Durante toda mi vida en ese vecindario me había metido en telas de arañas, me habían atacado cuervos y había vivido con mi padre. Todo era eternamente triste, sombrío y maldito. Incluso el tiempo era un tiempo de perros. O era insoportablemente cálido durante semanas o, si llovía, llovía durante cinco o seis días.

Nunca lleves un montón de dinero a la morada de un pobre. El sólo puede perder lo poco que tiene. Por otro lado, es matemáticamente posible que pueda ganar todo lo que traigas. Lo que debes hacer, con el dinero y con los pobres, es no dejar que se acerquen demasiado.

No se debe sobreestimar la estupidez de la masa.

También sabía que yo era completamente sano. Todavía sabía, como cuando era niño, que albergaba algo extraño en mi interior. Me sentía como destinado a ser un asesino, un asaltante de bancos, un santo, un violador, un monje, un ermitaño. Necesitaba algún sitio aislado para esconderme.

Los barrios bajos eran desagradables. La vida del hombre normal y sano era tediosa, peor que la muerte. Parecía no haber alternativa posible. Y la educación también era una trampa. La poca educación a la que me había permitido acceder me había hecho más suspicaz. ¿Qué es lo que eran los doctores, abogados y científicos? Tan solo eran hombres que habían permitido que los privaran de su libertad de pensar y actuar como individuos.

--¡Bueno, no sé lo que harás tú, pero yo voy a intentarlo todo! Guerras, mujeres, viajes, boda, niños, trabajos. ¡Cuando tenga un coche, lo desmontaré por completo y luego lo ensamblaré de nuevo! ¡Quiero conocer las cosas y que es lo que las hace funcionar! Quisiera ser corresponsal de Washington D.C., quisiera estar ahí donde suceden las cosas.

Probablemente amaba muchas cosas: un halcón en pleno vuelo, el maldito océano, la luna llena, Balzac, puentes, obras de teatro, el premio Pulitzer, el piano, la maldita biblia.